Apesar de não terem sido feitos anúncios específicos por cultura, o CNC antecipa que, para a cafeicultura, na próxima terça-feira, 11 de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) deverá se reunir extraordinariamente e anunciar o detalhamento dos valores para as linhas de financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que, para 2013, conta com um orçamento de R$ 3,180 bilhões.
Depois das reuniões realizadas junto ao governo, acreditamos que a distribuição dos recursos ficarão da seguinte maneira: R$ 900 milhões para Custeio e Colheita; R$ 910,5 milhões para Estocagem; R$ 500 milhões para FAC; R$ 450 milhões para Cooperativas de Produção; R$ 200 milhões como capital de giro para as indústrias de torrefação e R$ 150 milhões para as de solúvel; R$ 50 milhões para a linha de Mercado Futuro; e R$ 20 milhões para a Composição do Passivo Financeiro do setor. Vale destacar que desse total, R$ 2,960 bilhões podem ser convertidos automaticamente em estocagem, envolvendo um volume de cerca de 10 milhões de sacas.
Além disso, o CNC, em parceria com as demais lideranças do setor, vem trabalhando no sentido de se obter a implantação de instrumentos de mercado que possibilitem a recuperação da renda e, consequentemente, da competitividade do produtor brasileiro de café. Uma das saídas mais viáveis que surgem, até o momento, é a realização de programas de Opções Públicas e de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) — este último já teve recursos em torno de R$ 500 milhões aprovados no Plano Safra, restando o governo oportunamente se manifestar para a implementação —, os quais devem envolver um volume entre 8 e 10 milhões de sacas.
Ou seja, falamos de medidas para a estocagem de aproximadamente 20 milhões de sacas, fato que retirará uma pressão vendedora imediata do mercado, mantendo nossa linha de raciocínio de que a safra, colhida em quatro meses, seja escoada ao longo de todo o ano safra.
Dólar — O fortalecimento do dólar frente às demais moedas — depois que o Federal Reserve (FED - Banco Central dos EUA) sinalizou com a redução da compra de ativos e aumento dos juros —, entre as quais o real, vinha pressionando o mercado de commodities como um todo. Apenas na semana entre 24 e 31 de maio, por exemplo, a divisa norte-americana acumulou ganhos de 4,4%, fato que, em relação ao café brasileiro, é prejudicial, pois o dólar em patamares elevados estimula os embarques do produto, o que soa de forma negativa no mercado.
Entretanto, o Banco Central do Brasil, como medida preventiva à aceleração da inflação, removeu a principal barreira para a entrada de capital externo no País, o que freia a disparada da moeda norte-americana frente ao real. Após cerca de quatro anos, o governo zerou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre todas as aplicações dos investidores estrangeiros em renda fixa, sobretudo em títulos do Tesouro Nacional, que antes era de 6%.
Com a retirada dessa amarra cambial, o governo tenta controlar a inflação e gerar maior demanda dos investidores estrangeiros por títulos de longo prazo, que haviam perdido a atratividade com a busca por ativos de curto prazo. Além disso, outra intenção da medida adotada para “estabilizar” o câmbio é evitar alta liquidez. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que, com a decisão do Fed, o mercado de câmbio vem se normalizando, o que deverá reduzir o excesso de liquidez de recursos no mercado internacional, motivo que, há quase quatro anos, levou o Brasil a instituir a barreira do IOF.
Exportações — Ainda que a força registrada pelo dólar frente ao real tenha sido um estímulo à exportação brasileira de café, o que se notou, em maio, foi novo recuo nos embarques, evidenciando que o produtor não está disposto a negociar seu produto pelos atuais preços praticados no mercado, em níveis bem inferiores à maioria dos custos de produção no parque cafeeiro nacional.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a exportação de café em maio apresentou queda de 6,61% em termos de volume na comparação com abril de 2013, totalizando 2,296 milhões de sacas de 60 kg. A receita cambial também apresentou declínio, de 8,09%, com o faturamento saindo de US$ 432,8 milhões (abril) para US$ 397,8 milhões no mês passado.
Mercado — Nesse contexto, os contratos futuros do café arábica, negociados na bolsa de Nova York, apresentaram leve recuperação no acumulado da semana até quinta-feira, com o vencimento julho registrando ganhos de 240 pontos. Nota-se, com esse comportamento, que o mercado buscou suporte acima de US$ 1,25 por libra-peso, menor patamar negociado desde 2009, porém, a resistência de US$ 1,30 ainda não foi rompida para gerar níveis superiores de preços.
Na Bolsa de Londres, por sua vez, as cotações do robusta (vencimento julho) acumularam queda de 31 dólares até o fechamento da quinta-feira. Pesa sobre esse mercado a expectativa de perdas menores do que as anteriormente previstas na safra 2013/14 do Vietnã, em função da estiagem prolongada que assolou o país. Além disso, estão previstas mais chuvas para os dez primeiros dias de junho na principal região produtora de café vietnamita.
No mercado físico, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgou nota comunicando que o diferencial de preços entre o café arábica tipo 6 bebida dura para melhor e o arábica tipo 7 bebida rio chegou a R$ 15,74 reais por saca no final de maio, menor valor registrado na série da entidade (pesquisas sobre o 7 rio ocorrem desde 2007). Como comparativo, em janeiro de 2011 essa diferença era de quase R$ 180.
A instituição informou que essa redução pode desestimular o cafeicultor a ofertar produto de boa qualidade, uma vez que a colheita de cafés finos demanda mais cuidados, elevando os custos. Esse estreitamento se deve, principalmente, à grande pressão sobre o tipo 6, que desvalorizou 14,5% desde o primeiro dia útil de 2013, enquanto as cotações do tipo 7 bebida rio, que não foram tão afetadas pelas quedas internacionais, recuaram apenas 4,1% no mesmo período.
As informações são do CNC.
Por Silas Brasileiro, Deputado Federal e Presidente Executivo do Conselho Nacional do Café - CNC
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