Multa diária para navios que estão aguardando para atracar é de US$ 20 mil e frete de cargas já subiu 50%


Trabalho nos portos brasileiros não será mais paralisado (Agencia RBS/Diego Redel)
Os problemas de logística provocados por uma safra estimada em 185 milhões de toneladas e nenhum investimento em infraestrutura fazem com que os carregamentos de soja atrasem para chegar aos terminais de descarga nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR). E as consequências imediatas já estão aparecendo: nesta semana, algumas empresas começaram a cancelar os contratos de compra com o Brasil, o preço mundial da soja caiu 4% e o custo de transporte da oleaginosa vinda do Mato Grosso, principal Estado produtor, até o porto, subiu 50%. Hoje, de acordo com o Instituto Mato grossense de Economia Aplicada (Imea), já se pratica o valor de R$ 300 por tonelada transportada. No ano passado, no mesmo período, cobrava-se R$ 218 por tonelada.

Rodrigo VargasNo litoral paulista, as estradas que dão acesso ao terminal de descarga do Porto de Santos estão entupidas de caminhões. O congestionamento chegou a 27 quilômetros na rodovia Cônego Domenico Rangoni, sentido Guarujá, nesta quarta-feira (20/3), e a média de velocidade atingida pelas carretas foi de 1,6 km/h. Sérgio Mendes, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) explica que todos esses problemas também influenciam no preço do frete. “Os caminhoneiros levam quase doze horas para conseguir acessar o terminal e não podem sair da fila: não dormem, não comem. Isso eleva o custo, com certeza”, diz ele.
Mendes também cita que, do outro lado do porto, no mar, os navios das importadoras, algo em torno de 60 embarcações, estão aguardando para poder atracar e serem carregados com o grão. “Cada dia parado custa ao exportador US$ 20 mil”, afirma. Em Santos, alguns navios estão parados há 30 dias. O executivo lembra, porém, que não é apenas a falta de investimento nas estradas e nos portos que estão prejudicando os embarques. “O tempo também não colabora. Com chuva, não há embarque de soja em nenhum porto”.

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