ARÁBICA X ROBUSTA



O mercado de café está novamente se interessando pelo arábica, espécie valorizada por seu uso em blends gourmets, mas participantes do mercado dizem que ainda não esperam um aumento acentuado da demanda pelo grão



Os preços do arábica, que estão oscilando perto das mínimas em 33 meses, podem precisar cair ainda mais para recapturar a demanda perdida para variedades mais baratas, como o robusta, reforçaram os agentes do mercado em uma conferência da indústria do café, em San Francisco.

A diferença de preços entre o arábica e o robusta diminuiu para o menor nível em quatro anos. "Nesse nível de arbitragem faz sentido comprar arábica suave ou natural, que estão sendo negociados a preços mais baixos do que (as variedades comerciais de) robusta", disse um trader comercial de Nova York. "Algumas torrefadoras começam a pedir ofertas das variedades mais baratas de arábica", reforçou. Mas "esse é um estágio inicial".

A demanda por robusta, especialmente variedades de qualidade inferior usadas em café solúvel para venda no mercado asiático, está muito forte, disse Martijn van den Oever, trader de robusta da Nedcoffee BV, em Amsterdã. "Há um bom mercado na Ásia" para o robusta, destacou. O trader reforçou que quase não há oferta disponível de robusta do Vietnã, o maior produtor, porque a demanda das torrefadoras locais é muito alta.

O consumo do robusta está crescendo nos países em desenvolvimento, como Indonésia, disse Oscar Schaps, diretor global de soft commodities da INTL FCStone. Ele não acredita que haverá uma grande migração do robusta para o arábica no curto prazo. O executivo avalia que o mercado aceitou bem os blends com mais robusta, e que, por isso, as torrefadoras não devem migrar para o arábica, mesmo com a diferença de preços mais estreita.

Schaps espera que os futuros do arábica sejam negociados a 120 cents/lb no curto prazo, com o início da colheita no Brasil em abril. Na sexta-feira, o vencimento maio na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerrou a 135,30 cents por libra-peso. "O Brasil começará a colher o café, e a verdade é que muitos grãos (da safra anterior) ainda não foram vendidos", acrescentou Schaps.

Ele projetou que uma safra cheia no Brasil deve compensar as perdas da produção com o fungo roya, doença causadora da ferrugem no café, que está atingindo as lavouras da América Central. Por essa razão, a ferrugem não deve movimentar muito o mercado do arábica, de acordo com o executivo da INTL FCStone.

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